Jerónimo de Sousa em Oeiras e Almada

Resistir à política de exploração<br> e empobrecimento

Intervindo em dois comícios realizados no fim-de-semana, em Oeiras e em Almada, Jerónimo de Sousa apelou à continuação da luta pela demissão do Governo.

Nunca um Governo concentrou tanto a riqueza nas mãos de tão poucos

Image 16064


No sábado, 31, no auditório Eunice Muñoz, em Oeiras, e no dia seguinte na Festa da Amizade, em Almada, o Secretário-geral do PCP apelou à contribuição dos militantes e simpatizantes do Partido para que a luta pela demissão do Governo continue e se alargue. Jerónimo de Sousa solicitou mesmo a que se faça «ecoar por todo o lado essas justas palavras de ordem que afirmam “É tempo de dizer basta!” e “Está na hora de o Governo ir embora”».

Segundo o dirigente comunista, este é um momento de «grandes potencialidades da luta visando a inversão do rumo de desastre que o País segue com este Governo e a sua política». Com a força e a luta dos trabalhadores e do povo, garantiu, é possível abrir o caminho a uma nova política. Após saudar «todas as lutas que têm vindo a ser desenvolvidas e estão em curso», Jerónimo de Sousa apelou em seguida a uma «ampla mobilização para a jornada de luta convocada pela CGTP-IN com grandes manifestações, no dia 14 de Junho no Porto e dia 21 de Junho em Lisboa».

Para o Secretário-geral do PCP, a luta dos trabalhadores e do povo «não pode parar, tal como não vai parar». O mesmo sucederá, garantiu, com a intervenção do Partido, «tomando a iniciativa em todas as frentes e com propostas muito concretas em defesa dos interesses dos que sofrem as consequências desta política de exploração, mas igualmente com o objectivo de resolver o problema de fundo», operando a ruptura com a política de direita e empreendendo a construção de uma alternativa patriótica e de esquerda.

Intensa actividade

Com a intensa actividade do fim-de-semana, institucional e de massas, o PCP deixou bem claro que, como afirmou o seu Secretário-geral em Oeiras e em Almada, não está disposto a «baixar os braços perante as crescentes injustiças e desigualdades que estão a dilacerar a sociedade portuguesa». Pelo contrário, deitará mão de «todas as formas de luta» e tomará «todas as iniciativas que contribuam para travar esta política de extorsão do nosso povo e do País e melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo».

Da múltipla e diversificada iniciativa política do Partido, Jerónimo de Sousa destacou a acção em torno do aumento dos salários, designadamente do salário mínimo nacional, que terá expressão no debate parlamentar, já agendado, de um projecto de Resolução visando o aumento imediato do salário mínimo para os 515 euros; e a resistência e combate à ofensiva em curso, designadamente denunciando os objectivos do Documento de Estratégia Orçamental, da chamada «Reforma do Estado» e das alterações à legislação laboral, e promovendo a defesa dos serviços públicos e a luta contra as privatizações.

Ao mesmo tempo, afirmou o dirigente do PCP, «estamos empenhados na promoção do diálogo, acção e debate com todos aqueles que queiram discutir com o PCP a situação do País e a alternativa patriótica e de esquerda de que o País precisa». Em preparação estão já iniciativas visando estimular, desenvolver e intensificar o trabalho político unitário e a convergência dos democratas e patriotas em torno da ruptura com a política de direita e de uma verdadeira política alternativa. «Hoje, mais do que nunca, é preciso mudar de política e não apenas de caras», concluiu Jerónimo de Sousa.

Violência e destruição

Sublinhando a necessidade de pôr fim ao Governo e à sua política, o Secretário-geral do PCP lembrou o «rasto de violência, destruição e drama» deixado no País nos últimos três anos, que ficam marcados pela mais grave situação económica e social desde os tempos do fascismo. Por esta situação, reafirmou Jerónimo de Sousa, são responsáveis os sucessivos governos que executaram a política de direita nos últimos 37 anos, bem como as orientações e opções políticas da União Europeia e do seu directório.

Mas se a política nacional e europeia que afundou o País deixou este rasto dramático, outros há que não têm razões de queixa, antes pelo contrário: precisamente aqueles a quem esta política serviu, o grande capital nacional e transnacional. Para Jerónimo de Sousa, o pacto de agressão das troikas nacional e estrangeira serviu para «alimentar a gula do sistema financeiro e dos seus grandes grupos económicos» e para «garantir pacotes milionários de apoio à banca e assegurar aos que especulam com a dívida portuguesa milhares de milhões de euros, extorquidos aos rendimentos dos trabalhadores e do povo». Nunca em tão curto espaço de tempo, garantiu o dirigente do PCP, um governo e uma política produziram tantos pobres ao mesmo tempo que permitiram «concentrar tanta riqueza nas mãos de uns poucos».

Image 16066


25 anos depois
Festa da Amizade

25 anos depois da última edição, a organização concelhia de Almada do PCP voltou a realizar, no sábado e no domingo, a Festa da Amizade. Como sucede na generalidade das realizações dos comunistas, também a Festa da Amizade foi concebida, erguida e mantida exclusivamente graças ao trabalho militante dos comunistas e dos seus aliados. Também como noutras iniciativas do PCP, ali houve debate e música, comida e bebida, convívio e reflexão, cultura e alegria.

Uma das marcas desta edição da Festa da Amizade, realizada no Parque Comandante Ramiro Correia, na Cova da Piedade (mesmo em frente ao Centro de Trabalho concelhio do Partido) foi o facto de ela ter conseguido atrair muitos daqueles que, habitando nas redondezas, nem sempre têm a oportunidade de conviver com os comunistas e com a sua maneira ímpar de estar na vida e na política. Foram, na verdade, muitos os que, não sendo militantes do PCP, aproveitaram a festa para conviver, comer e, inclusivamente, para participar nos dois debates realizados: um, no sábado, sobre a defesa da água pública; e outro, no dia seguinte, relativo à situação internacional.

Outro traço marcante da Festa da Amizade foi, por um lado, a forte presença de crianças – que tinham um espaço próprio na festa, com materiais de desenho e trabalhos manuais e monitores – e, por outro, o convívio salutar entre pessoas de idades, gostos e experiências tão diferentes. Esta realidade era, aliás, espelhada nos dois espaços dedicados à música, por onde passaram, e conviveram, o rock mais pesado, a música tradicional portuguesa e os cantares alentejanos.

No comício de encerramento, para além de Jerónimo de Sousa, intervieram o responsável pela organização concelhia do Partido, e membro do Comité Central, Hugo Garrido, e Catarina Guerreiro, pela JCP. Se o primeiro não passava de uma criança quando a Festa da Amizade se realizou pela última vez, a segunda nem era ainda nascida.




Mais artigos de: Em Foco

Confirmar a censura popular<br> à política de direita

O Partido Comunista Português reafirmou, nos últimos dias, a urgência de derrotar o Governo e a política de direita e empreender a construção de uma política alternativa patriótica e de esquerda. Através de uma moção de censura e de múltiplas acções de rua, o PCP deu expressão ao inequívoco repúdio popular pela política das troikas que o resultado eleitoral do passado dia 25 constituiu. 

Pôr fim ao desastre

No dia 30, a oportuna e incisiva moção de censura que o PCP apresentou ao Governo não ficou confinada às paredes do hemiciclo parlamentar. Ao longo de todo o dia, de Norte a Sul do País, realizaram-se acções de esclarecimento e contacto com os...